Ah que saudade do samba!

Houve uma época em que o samba representava o morro, a favela, o pobre o injustiçado. O samba era o reflexo do sentimento do pai de família humilde, do malandro, do trabalhador, de toda a gente simples. No samba era expresso a alegria de um povo que batalha para ter o pouco, mas que não desiste de lutar por uma vida melhor, também,  as tristezas da realidade de uma vida marginalizada e subjugada por toda uma sociedade. Seja nas letras ou nos passos, o samba era uma fuga poética de uma realidade cansativa que encontra no alivio a arte por acaso.

Temos relatos nos salmos de canções e poemas que falam da vida de um povo que sofria, que clamava por justiça,  que chorava por ser oprimido mas que também comemorava, festejava e enxergava o pouco que tinha com gratidão.  Povo que perdeu sua terra,  foi escravizado pelo sistema e perdeu tudo o que tinha, mas que ainda sim conseguia forças pra sonhar. Hoje em dia fica fácil ver que o pobre é cada vez mais oprimido e sua voz bem menos ouvida,  porém, diferente de um passado bem recente,  a favela tem perdido sua perseverança, como se a esperança estivesse acabando e a força de vontade do indivíduo marginal terminasse em uma conformidade da sua situação.  Seus militantes se transformaram em agentes promotores do sistema que os oprime, seus fiéis são corrompidos pelas propostas injustas de se dar bem em cima dos outros, seus versos de alegria e esperança foram trocados por um barulho que enobrece a imoralidade e a ilegalidade. O que um dia foi um canto de suspiro de esperança,  hoje não passa de um grito de anarquismo e ao mesmo tempo rendição. O pobre perdeu sua identidade e aceitou o que o governo opressor diz  que ele é: um perigo, um fardo para sociedade...um mal.

O povo hebreu dos salmos perdeu sua identidade também quando se afastou de Deus e da justiça e foi escravizado porque deixou de viver uma vida que buscava o melhor para a sociedade. A idolatria tomou conta dos seus corações quando pensaram em seus próprios desejos em vez de buscar uma sociedade que vivesse através da vontade de Deus para todos. De tão afortunados se tornaram soberbos, acreditando que Deus aceitaria sua injustiça.
Até quando o pobre viverá essa ostentação de algo que não tem e ainda assim o faz se sentir superior? Até quando sua voz será calada perante Deus por não haver mais esperança? Até quando seus jovens morrerão nas drogas ou em assaltos para tentar ser injusto perante a injustiça opressora? Até quando o samba ficará mudo?

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